Labirinto

Você abriu os olhos e o teto rodava, tudo rodava sobre sua cabeça, você sentia cair para trás, escorregando no vão entre o colchão e a cabeceira da cama, parecia uma bad trip de ácido, parecia que todas as viagens da juventude vinham enfim cobrar a conta. Você ficou com medo de morrer, agora tem medo de morrer, diferentemente de quando você pegava um ônibus para o desconhecido e ia chapada pelo caminho quase vomitando, diferentemente de quando dirigia bêbada sozinha e chegava a cerrar os olhos no túnel, quase raspando a parede com a lataria do velho carro, agora você tem medo, corre pro neurologista, tem medo que ele veja seus neurônios destruídos mas vai assim mesmo, tem medo do que escuta, os sentidos estão amplificados, você tem medo de palmas estalos gritos até os sussurros doem, é o lado psicológico da coisa, você pode fechar os olhos, pode se calar mas não pode fazer com que os ouvidos não funcionem nem deixem de captar com clareza o que você quer evitar.