A festa acabou
Chora chegou a hora agora acabou você levou até onde devia até onde podia agora acabou não dá para recolher os cristais quebrados, são partículas minúsculas que viram pó e ficam entranhadas nos vãos do assoalho tudo se quebrou o encanto vida que segue mas você não sabe como ainda chora chora pensou que essa hora não fosse chegar nunca no seu íntimo achou que seria pra sempre que dessa vez seria pra sempre que ele era o homem da sua vida tantas vezes achou isso em outros e com ele aprendeu que era de verdade mas depois viu que não era de verdade que não havia verdade que tudo era mentira sempre mentiras o telefone desligado o relógio atrasado o carro enguiçado a palavra muda o homem esfinge cheio de gavetas fechadas uma esfinge e com o tempo você também foi se tornando uma esfinge desligada atrasada enguiçada muda outra pessoa. Agora chora.
4 Comments:
Talvez a graça da vida seja rir da festa mesmo quando ela vira esfinge. No fundo, todas são iguais, imperfeitas. A diferença é escolher entre ser o convidado ou o anfitrião. Quem sabe os dois. E sorrir mesmo depois de chorar.
Pior são as coisas que acabam sem ao menos começar. No caso do texto, aquilo que chegou ao fim, pelo menos foi chamado de festa.
De muito bom gosto! Fiquei sem fôlego,(rs), e deslumbrado com sua estrutura, o desapego à pontuação, intencionando inteligentemente a angústia da personagem foi brilhante. Parabéns!
Simone, que lindo e que triste. Espero que seja só ficção... Amei seu estilo sem pontuação. EXCELENTE, pq os dois únicos pontos só vieram na hora certa mesmo... Seu desabafo, sem vírgulas nem pontos, passou toda a angústia de quem quer falar sem ser interrompido. Parabéns! Beijos grandes!
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